Il Substack di Renata

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Nenhuma pátria, dois idiomas

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Entre o português e o italiano, criando minha própria língua para aumentar minhas possibilidades de ser e de chegar no outro, em você.

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Minhas peixices
abr 14, 2025
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Nasci, vivi toda a vida no Brasil, cresci em cidades de mais de milhão e agora, moro em uma ilhota italiana. Entre lugares, entre línguas, intra, dentro do que me atravessa.

A ideia de escrever nas duas línguas, ao mesmo tempo, me encanta e me confunde.

Às vezes, a língua que me vem é a do momento, da sensação que estou vivendo, como se cada palavra fosse uma peça de um quebra-cabeça que vai se encaixando.

Criar minha interlingua é isso — meu jeito de me comunicar, sem fronteiras rígidas. È come se as palavras se cruzassem, se misturassem, em busca de um novo significado. Às vezes, o português se entorta no italiano, e o italiano se embriaga no português. E, no final, as duas se entendem.

Decifrar os mal-entendidos, as fronteiras que as línguas tentam impor, mas que a gente vai dando jeito de atravessar. Um texto que não tem só uma língua, mas várias, porque somos múltiplos, e também é isso que nos define.

É como se escrever nessas duas línguas fosse criar um espaço onde posso ser quem sou e não ser. Às vezes, é no erro da tradução que nos encontramos.

Palavras italianas que aprendo:

UNA PAROLA AL GIORNO

ASSUEFATTI — que vem de ASSUEFAZIONE.

“Così si parla di assuefazione descrivendo la progressiva diminuzione degli effetti di una sostanza sull’organismo che consegue a una costante assunzione – e a cui si accompagna, per mantenere l’effetto, la necessità di assumerne dosi sempre maggiori.”

Normalmente ligada ao uso de substâncias. Mas não serve também pra este cansaço emocional que nos cerca? Uma espécie de anestesia lenta, contínua.

Nada mais nos comove. Nada nos agita.
Siamo assuefatti.

As guerras acontecem aqui ao lado. Genocídios em curso. Extermínios. Barbárie.
Qua accanto.

E seguimos. Rolando telas. Comprando pão.
Totalmente assuefatti.

TURPILOQUIO - Linguaggio osceno, triviale; il parlare in maniera oscena, triviale

Etimologia voce dotta recuperata dal latino ecclesiastico turpiloquium, composto da turpis ‘turpe’ e loqui ‘parlare’

A arte — muitas vezes involuntária — de temperar o discurso com palavrões, insultos, expressões fortes ou simplesmente pitorescas.
Uma forma de comunicação que vai do desabafo libertador à poesia de boteco, passando pela briga na fila do banco.
Nem sempre elegante, mas quase nunca entediante.

Blasfêmia criativa, dialeto da alma irritada, vocabulário de trânsito na segunda-feira de manhã.

Mais turpiloquio e menos assuefazione.

Mais palavrão sentido do que silêncio educado.
Mais fúria justa do que apatia elegante.
Chega de engolir seco — que a indignação nos atravesse.
Que doa. Que acorde. Que fale alto.
Mesmo que desafinado.

Per finire

ALARM PHONE - Linea telefonica che raccoglie e rilancia gli SOS dei migranti nel Mediterraneo

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